terça-feira, 21 de maio de 2013

A EDUCAÇÃO E O SEU IMPACTO NO ÊXODO RURAL



A EDUCAÇÃO E O SEU IMPACTO NO ÊXODO RURAL

Principalmente na zona rural de nosso país é ensinado às crianças nos primeiros anos de sua existência, que para melhorar as suas condições de vida é preciso estudar. Contudo na maioria das regiões interioranas do nosso querido Brasil, este direcionamento parece entrar em contradição com as condições disponíveis aos pretensos estudantes: faltam escolas, professores, transporte, enfim, tudo parece ser muito mais complicado em se comparando as condições disponíveis nas grandes cidades.
Mas nem tudo está perdido, temos algumas exceções que merecem ser citadas, a exemplo, de Petrolina que é uma cidade do interior de Pernambuco que mais tem se destacado no setor educacional, em virtude da crescente oferta de ensino superior, proporcionadas por universidades e instituições privadas, estaduais e federais. Possuindo aproximadamente 20 mil estudantes universitários, com idade que variam entre 17 e 25 anos, sendo em grande maioria proveniente de outras regiões do Brasil, que podemos quantificar na razão de 4% dos estudantes universitários do Brasil, segundo afirma o economista Genival Ferreira.
Já o economista Kleber Ávila, acredita que este processo de interiorização da educação, vem garantindo a Petrolina um significativo crescimento social, alem de garantir a permanência dos jovens da região, evitando assim o êxodo em direção aos grandes centros urbanos. Ainda segundo Ávila a educação é um elemento que gera emprego na região, bem como necessidades em outras partes da economia local. “O desenvolvimento do setor educacional provocou ainda a dinamização de setores como o de serviços – hotelaria, turismo, comércio e imobiliário – provocando, guardadas as proporções, o deslocamento do centro dinâmico da economia local, até então concentrada na fruticultura irrigada”.
Ainda segundo afirma o especialista, a Univasf, dentre outras, participou do desenvolvimento do polo local: “com a chegada da universidade federal a cidade teve um ganho de qualidade através dos cursos da área de saúde, da geração de pesquisas e o desenvolvimento de tecnologias pelos cursos de engenharia e ciências agrárias com aplicabilidade direta no setor de construção civil e agropecuária respectivamente. Também é possível destacar o estímulo ao empreendedorismo proporcionado pelos cursos de ciências aplicadas e sociais, além das atividades de ensino, pesquisa e extensão, entre outras”.
Nos próximos anos é esperado o fortalecimento do polo educacional com o aporte de outras aplicações. “As instituições de ensino superior da região acenam de forma concreta para que isso venha acontecer, através da oferta de novos cursos da graduação, o que trará novos investimentos, criará mais postos de trabalho e proporcionará melhoria da qualidade de vida da população da região”, conclui Kleber.
Partindo do entendimento de que educação é a diretriz que determina todo processo de desenvolvimento de uma sociedade, de todo sistema econômico e social da mesma, este artigo defende a idéia de que o investimento em educação para cada grau e modalidade escolar é necessário para o momento vivido pelo jovem estudante na busca de sua definição moral, social e intelectual. O artigo em questão tenta evidenciar, que através da instalação de boas instituições de ensino, a exemplo de Petrolina uma cidade do interior de Pernambuco, que manteve os jovens estudantes da região, evitando o êxodo dos melhores alunos para os grandes centros urbanos do País, além de adquirir alunos oriundos de várias regiões do Brasil, fomentando e fortalecendo o desenvolvimento de diversas áreas de sua sociedade. E finalmente o artigo procura destacar o crescimento econômico social e intelectual que este investimento em educação de qualidade proporcionou (e promete proporcionar muito mais) a todos os habitantes desta região.


FONTES:
Castro, Cláudio de Moura, 2006 - "O que está acontecendo com a educação no Brasil?", em Edmar L. Bacha e Herbert S. Klein, A Transição Incompleta, Rio de Janeiro Paz e Terra, vol. I, 103-162.
Brasil. Ministério da Educação/1996. Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em:  http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm

Autor: Márcio Cezar Madureira

INVERSÃO DO ÊXODO RURAL


INVERSÃO DO ÊXODO RURAL

 AGRICULTURA






A diversificação das atividades agrícolas explicaria o fenômeno de inversão do êxodo rural. Essa mudança é decorrente do surgimento de empregos na área rural. Grande parte dessas pessoas estava sem ocupação na cidade. Com o surgimento de novos postos de trabalho em granjas de frango, setor da Soja, Produção de Laranja e suco, Criações de bicho-da-seda e produção de leite, Pecuária e outros produtos Agricolas e Rurais, o nível populacional nessas áreas aumentou. Na época da crise com o café houve o êxodo rural. Hoje acontece o inverso. Essas pessoas estão voltando para o campo. O projeto Crédito Fundiário, antigo Banco da Terra, programa do governo federal que visa a evitar o êxodo rural levando as famílias de volta às propriedades rurais foi implantado em 2001. O vertiginoso crescimento das cidades por conta do êxodo rural é preocupante em todos os sentidos, considerando que a expansão demográfica das cidades corre de maneira desordenada nessas circunstâncias. Portanto, inverter esse fenômeno se coloca como um desafio que começa a merecer atenção das autoridades.




ENERGIA



Pesquisa nacional do Programa Luz para Todos, que é coordenado pelo Ministério de Minas e Energia, divulgada no boletim do programa, aponta que dos 10,6 milhões de brasileiros que foram beneficiados, 4,8% ou 96 mil famílias (cerca de 480 mil pessoas) em todo o País, voltaram a viver no campo por identificarem a oportunidade de ter ali uma qualidade de vida melhor que nas grandes cidades. O programa ajuda a diminuir o êxodo rural. O que está acontecendo agora é que as pessoas estão voltando a ocupar o campo. A escolha das cidades beneficiadas pelo programa seguiu um mapa de exclusão elétrica que apontou as localidades onde as famílias não tinham acesso à energia, em sua maioria em áreas de baixo IDH (80% estão no meio rural e 90% têm renda inferior a três salários mínimos). O Programa Luz para Todos contribui diretamente para reduzir a falta de mão de obra no campo. Hoje, se não há energia, as pessoas não vão para o campo, isso cria dificuldades para ocupação das terras e dos postos de trabalho.

 ECONOMIA


Desde os finais da década de 1990 que o custo e a qualidade de vida nas grandes cidades têm exercido uma forte influência de deslocalização da população dessas cidades para zonas do interior e/ou rurais. A par destas contrariedades, a extensão da banda larga por todo o território tem permitido a profissionais independentes e a teletrabalhadores esta deslocalização para as regiões de ‘baixa densidade’. A questão econômica tem sido um dos fortes impulsionadores do êxodo urbano no Primeiro Mundo. O quadro se acentua nas economias mais frágeis como é a portuguesa, que sempre necessitou de auxílio da Comunidade Europeia para se formar no grupo.

BRASIL

O desemprego nos grandes centros urbanos brasileiros e o crescimento da agricultura e dos investimentos industriais em cidades do interior inverteu os fluxos migratórios no Brasil, Ao mesmo tempo, os moradores de zonas rurais sentem-se menos inclinados a deixar as suas famílias e migrar para grandes cidades. A estatística apresentada é contundente, considerando que o “interior” já é capaz de duplicar o número de novos empregos, coisa que deve se estender às cidades menores com o tempo.
Já em São Paulo, o fluxo migratório caiu.



A capacidade de criar empregos [em São Paulo] simplesmente não é mais aquela presenciada no passado, e a população está percebendo isso. Rio e São Paulo costumavam concentrar quase toda a capacidade industrial do país, mas essa época passou. Atualmente o desenvolvimento econômico está se espalhando para o resto do país. De 1987 para cá, o êxodo rural praticamente acabou, uma vez que as cidades não mais oferecem uma melhor qualidade de vida. Dessa forma, o que está em curso no Brasil hoje é um ‘êxodo urbano’, também identificado pelas pesquisas, com o homem das cidades fugindo em direção ao meio rural para escapulir à poluição, à violência e ao estresse dos grandes conglomerados urbanos. Em São Paulo, por exemplo, o fato é facilmente constatável: são os ‘neo-rurais’, pessoas da cidade em busca de melhor qualidade de vida nas zonas rurais. Aliados à mecanização do trabalho agrícola, esses dois movimentos populacionais conduzem ao crescimento das ocupações não-agrícolas no meio rural sem que, todavia, haja uma política de formação de mão-de-obra nas regiões atingidas. São novos modelos ocupacionais - caseiro, jardineiro, trabalho doméstico e serviços - que surgem para atender ao movimento de êxodo urbano.

“O campo está mais cheio de gente do que as estatísticas oficiais levam a crer. A utilização de uma metodologia da época do Estado Novo para a separação dos espaços rural e urbano no Brasil faz com que a população calculada para as zonas rurais seja bem inferior à real. Tal fato atrapalha a definição das políticas do governo para o campo, como a reforma agrária, já que, pelos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população rural brasileira estará praticamente ‘extinta’ por volta de 2030.” Assim, a metodologia empregada, leva a minimizar a importância do campo, e a negligenciara necessidade de políticas adequadas. “O Censo 2000 do IBGE aponta que 81% dos brasileiros vivem em zonas urbanas, contra 19% em áreas rurais. Caso fossem usados os parâmetros adotados pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que estipula um mínimo de 150 habitantes por quilômetro quadrado para a caracterização de zonas urbanas, essa proporção cairia para 57% dos brasileiros morando em cidades e 43% no campo - uma ‘migração’ de mais de 40 milhões de pessoas. O IBGE, no entanto, está apenas cumprindo a lei. No caso, um Decreto-Lei assinado em 1938 pelo então presidente Getúlio Vargas que transformou em cidades todas as sedes municipais existentes, independentemente de suas características, fazendo com que pequenos povoados e vilas virassem zonas urbanas da noite para o dia. Contudo, vemos que o assunto depende de metodologias em uso, que sempre podem ser questionadas. E ao fim, mesmo trazendo algum alento, todo este novo fato ainda não nos conforta de todo, porque aquilo que realmente se espera é vida rural abundante, com gente trabalhando a terra, e não apenas pequenos municípios que passam a ser considerados “rurais”, dentro de um critério tão relativo como qualquer outro.

Humor


FONTES
* Fonte: http://pt.wikipedia .org/wiki/ %C3%8Axodo_ urbano
** Fonte: http://www.diariopo pular.com. br/08_12_ 02/artigo. HTML
*** http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/economia/2002/03/16/joreco20020316002.html
AUTOR: Rogério Santana


A FAMÍLIA, A SECA E O ÊXODO DAS MULHERES PARA OS GRANDES CENTROS


A FAMÍLIA, A SECA E O ÊXODO DAS MULHERES
PARA OS GRANDES CENTROS



Segundo afirmam Costa e Waquil (2008),  o fenômeno da seca é difícil de ser definido por este envolver fatores climáticos, geográficos, sociais e econômicos. A dificuldade em entender a conceitualização de seca e de suas duas características fundamentais: a insuficiência de chuvas e a calamidade socioeconômica, leva-os a concluir que ela é um fenômeno iminentemente social, vinculado a um desastre climático histórico, e é nesse contexto, que tentaremos exemplificar o papel da família no exôdo de seus jovens, principalmente as mulheres, no título proposto a esse texto.
A autoridade paterna, segundo Castro (2005) e Brumer (2007), o controle social de um lado e a criação que distingue filhos e filhas, são fatores que podem explicar essas diferentes atitudes de jovens que compartilham experiências de vida, em relação a uma mesma localidade. Essa divisão de trabalho entre estes, se reflete na sucessão familiar e consequentemente na relação com a terra e com o trabalho agrícola, pois, enquanto os filhos são orientados a cuidarem da roça, do trabalho duro, do trabalho braçal, as filhas ficam responsáveis pelos afazeres domésticos, quase sempre não tão relacionados com a agricultura.
Essa autoridade paterna é um elemento que reprime o interesse e a atuação das filhas, pois sem autonomia, elas perdem o interesse, e enxergam no êxodo uma alternativa para se livrarem desta autoridade, dessa opressão, dessa desvalorização, da nulidade de seu papel na agricultura familiar, e até da não visibilidade do seu trabalho no contexto familiar, uma vez que, na maioria das vezes, elas são vistas como meras auxiliares, sem autonomia, sem poder de decisão, sem nenhuma posição de destaque na hierarquia familiar.
Assim, como podemos observar, esses fatores acabam se tornando até um atenuante preponderante para o êxodo das jovens, inclusive com a permissão ou aquiescência dos pais, e na busca por maior liberdade e autonomia própria, na tentativa de lutar por estudos mais qualificados  e melhor escolaridade, elas são praticamente empurradas para a cidade grande, em alguns casos, incorporando-se em trabalhos precários e mal remunerados, mas, que as vezes  lhes permitem visualizar uma melhora acentuada na própria vida. Outro fator que pode contribuir para esse êxodo é o casamento entre  a jovem oriunda do campo e o rapaz da cidade, o que dificilmente ocorre no inverso, pois pode também ter o significado de quebrar vínculos com a autoridade e o controle dos pais.
Maria José Carneiro (2005) afirma que esse processo de migração das moças, coloca-as em condições mais vantajosas em relação após rapazes, pois, nunca foram colocadas como sucessoras rurais e, aí são mais estimuladas a prosseguir e aprofundar seus conhecimentos e modificar seu modo de viver, o que acaba por ampliar as suas opções para além das fronteiras do universo doméstico, já que esse movimento pode ampliar os seus projetos profissionais, em longo prazo, e pode gerar também uma crise na sucessão rural, e consequentemente uma crise na produção da agricultura familiar.
A reprodução social da agricultura familiar, fica em risco, uma vez que, por diferentes razões, os jovens,  principalmente as mulheres, passam cada vez mais a construir projetos profissionais que apontam para a ruptura com a agricultura. Independente disso, com a migração das mulheres, diminuem consideravelmente no campo, a oferta de casamentos, as uniões entre esses habitantes, o que faz com que o homem também migre para o grande centro, comprometendo a continuidade da sucessão rural no campo e o incremento populacional na cidade, o que vai se refletir no campo com a diminuição da produção agrícola e na cidade grande com o aumento principalmente na concorrência por oportunidades.

AUTOR: José Lídio Moura

REFERÊNCIAS:
COSTA, A,M,J   WAQUIL, P.D.;  O empobrecimento e a vulnerabilidade da população rural em situações de Seca: o caso de Santo Cristo, R.S. In: 4º Encontro de Economia Gaúcha, 2008, Porto Alegre. Anais...,2008. P.1-19  1-20.

CASTRO, Elisa G. de. Entre ficar e Sair: Uma etnografia da construção social da categoria juventude rural. Tese de Doutorado. PPGAS- Museu Nacional. UFRJ, 2005.

BRUMER, A. A problemática dos Jovens Rurais na Pós- Modernidade, In. CARNEIRO. Maria José de. Juventude rural: projetos e valores, In: ABRAMO, Helena; BRANCO. Pedro P.M. Retratos da juventude brasileira. Análise de uma pesquisa nacional. São Paulo, Instituto Cidadania e Editora Perseu Abramo, 2005, pp, 243-261.

CONSEQUÊNCIAS DO ÊXODO RURAL


CONSEQUÊNCIAS DO ÊXODO RURAL



Êxodo rural é o deslocamento ou migração de trabalhadores rurais que vão em direção aos centros urbanos. No Brasil, esse fenômeno populacional foi causado pelo crescimento da indústria e vida urbana, pois o processo de mecanização do campo tirou vários postos de trabalho. Todos esses trabalhadores tinham um sonho de melhorar de vida e até de enriquecer, no entanto, quase sempre essas perspectivas eram frustradas pela dura realidade. 
O êxodo rural resulta em diversos problemas, no campo gera a diminuição da população rural no país, escassez de mão-de-obra e automaticamente diminui a produção de alimentos e matéria-prima, dessa forma força a inflação e há aumento no custo de vida.
Nas áreas urbanas o êxodo rural ocasiona muitos problemas de ordem estrutural e social, os principais são:

Aumento do desemprego: como o crescimento da população é muito acelerado, o mercado de trabalho não consegue absorver todos os trabalhadores, além disso, a falta de qualificação profissional dificulta a colocação em uma função.



Aumento do subemprego: em decorrência da falta de emprego e necessidade de ganhar o sustento, muitas pessoas se sujeitam a desempenhar atividades sem vínculos empregatícios para, pelo menos, conseguir adquirir sua alimentação.

Crescimento de favelas:  a baixa renda e a falta de emprego derivam um problema na configuração da paisagem das cidades, uma vez que não podendo comprar um imóvel digno para morar muitas pessoas ocupam áreas periféricas sem condições e, em vários casos, em áreas de risco, isso provoca a expansão de casas precárias e bairros marginalizados.



• Marginalização: a falta de oportunidades e de perspectivas proporciona o surgimento do crime e de atividades ilícitas, como a prostituição de adultos e crianças, tráfico de drogas, formação de quadrilhas, entre muitos outros conhecidos pela sociedade brasileira. Além do surgimento dos bóias-frias decorrente desse processo.



FONTE: www.mundoeducacao.com.br

AUTOR: Francisco Marcelo

HISTÓRICO DO ÊXODO RURAL NO BRASIL


HISTÓRICO DO ÊXODO RURAL NO BRASIL

A migração da população do interior do país para os grandes centros urbanos brasileiros, também conhecida como êxodo rural, ocorreu principalmente nos séculos XIX e XX, onde muitas famílias buscando melhores condições de vida deixaram suas cidades de origem, pois nestas ocorrera à perda da capacidade produtiva e das condições de sibsistência. Além disso, fatores como a concentração fundiária e o baixo investimento público auxiliarem no processo.
O primeiro grande marco deste movimento ocoreu em 1879, onde se presume que aproximadamente um milhão de pessoas deixaram o sertão brasileiro em direção aos centros urbanos face a uma grande seca que provocou a perda de rebanhos, da agriculta e  causou a morte de aproximadamente duzentas mil pessoas decorrente da fome, sede e de doenças trazidas pela miséria e desnutrição.
Embora em escala inferior, merece destaque, também, a migração da população de diversas áreas do país, principalmente nordetinos, por volta de 1880, para a cidade de Manaus, que torna-se líder mundial na exportação de borracha. Porém, em 1906, por diversos motivos, caiu vestiginosamente a produção, o que acarretou graves consequencias para a cidade e, praticamente, o fim do cicli da borracha na região.
Na década de trinta, o êxodo seguiu em direção ao Sul, chegando a São Paulo, onde os nordestinos, fugindo novamente da seca e da precária condição de vida na região, foram buscar trabalho nos cafezais. Porém, lá encontravam a concorrência de imigrantes italianos e espanhois, que em melhores condições físicas, tinham a preferência dos fazendeiros.
Na final da década de 1950, se inícia um outro processo migratório de destaque no Brasil, desta vez impulsionado pela abertura de empregos, principalmente na construção civil, em decorrência da construção de Brasília. Para lá, se dirigiram migrantes de todas as regiões brasileiras, principalmente das regiões Norte e Nordeste.
O Brasil presenciou o seu período de maior êxodo rural entre as décadas de 60 e 80, quando aproximadamente 15 milhões de pessoas abandonaram o campo e rumaram em direção aos centros urbanos. Isso equivale a 33% da população rural do início da década de 60. Este fato se deu em função do investimento que governo do então Presidente Juscelino Kubitschek fez visando o desenvolvimento industrial das grandes cidades da região sudeste, onde diversas empresas multinacionais foram instaladas, principalmente montadoras, abrindo portas para a absorção de grande massa de trabalhadores, principalmente nordestinos.
Outro aspecto que auxíliou neste movimento rumo as grandes cidades foi a política adotada pelo Governo após o golpe militar de 1964, devido à propaganda institucional que propagava o crescimento do Brasil e a erradicação da pobreza. A partir dos grandes centros, com urbanização acelerada e a construção civil, oferecendo oportunidades de emprego cada vez maiores à mão de obra não especializada e analfabeta, os migrantes tiveram acesso ao emprego e condições mais dignas de vida. Em função desta melhora, começaram a mandar dinheiro para as regiões de onde vieram, chamando a atenção dos parentes, amigos e vizinhos, que se encontravam ainda vivendo em condições precárias nas áreas rurais. Isto ocasionou uma aceleração do êxodo rural, causando ainda mais inchaço nos grandes centros.
Como vimos, o êxodo rural brasileiro rumo as grandes cidades tem sua origem, principalmente, por motivos econômicos e desastres ecológicos. A busca por emprego, condições de subsistência e uma infra-estrurura mínima de vida impulsionou todo esse movimento humano, que teve a população nordestina como principal vítima. Atualmente, verifica-se uma redução significativa deste processo, chegando-se a inversão do ciclo, onde em função dos problemas das grandes cidades a população busca retornar para o interior do país.

Fontes auxiliares:
http://www.infoescola.com/geografia/exodo-rural/
http://www.mundoeducacao.com.br

Abaixo podemos assistir um debate acerca do êxodo rural. Vale a pena conferir:

PROGRAMA DENTRO DO FATO: ÊXODO RURAL NO BRASIL


AUTOR: Francisco Marcelo

domingo, 19 de maio de 2013

DE FRENTE COM ADRIANA


ENTREVISTA




            Com o objetivo de demonstrar como ocorre o êxodo, quais os motivos que levam à migração e entender as expectativas e dificuldades encontradas na metrópole, optamos por realizar uma entrevista com três pessoas que saíram do interior baiano em direção à Salvador. Confira a entrevista abaixo e descubra as razões e diferentes histórias:

1.  Qual seu nome, idade e qual sua cidade de origem?

Manoel: Meu nome é Manoel Messias, tenho 26 anos e sou de Guanambi.
Romualdo: Romualdo Carneiro Rios, 51 anos, Pé de Serra.
João Marcelo: João Marcelo Farias, tenho 24 anos e sou de Feira de Santana.

2. Quando mudou de cidade?

Manoel: Mudei para Salvador quando tinha 18 anos.
Romualdo: Mudei aos 14 anos para Feira de Santana, e há 25 anos estou morando em Salvador.
João Marcelo: No segundo semestre de 2007.

3. Por que você quis ou precisou mudar de cidade?

Manoel: Eu já tinha vontade de vir para a Capital, para isso, prestei vestibular da UFBA do curso que eu queria, que era arquitetura, e passei. Achei que precisa disso para evoluir.
Romualdo: Precisei me mudar para  trabalhar e estudar, vim pra Salvador porque consegui um emprego melhor, como representante comercial e atuava na região metropolitana.
João Marcelo: Eu quis mudar de cidade, porque eu passei no vestibular da UFBA . Penso que se tratava de um ensino jurídico de boa qualidade, em um local onde eu poderia ter melhores oportunidades, tanto profissionais, quanto acadêmicas.

4. Você gostou da mudança? Quais as suas expectativas?

Manoel: Gostei sim,  me tornei mais independente, abri minha mente em muitos aspectos , porque no interior morava com meus pais que são extremamente conservadores e não tinha muita oportunidade de ver o mundo além daquilo. Gostei muito da mudança e não me arrependo de forma alguma. Além disso, realizei o meu principal objetivo, fiz um ótimo curso na universidade. Todas as minhas expectativas foram e estão sendo alcançadas.
Romualdo: Sim, tudo que construí, foi fruto da minha mudança. Concluí meus estudos, arranjei um emprego no banco, conheci minha esposa, tive meus filhos, e há 25 anos estou morando em Salvador. Tive uma oportunidade de emprego de representante comercial, e há 3 anos fiz o curso para ser corretor de imóvel, minha atual profissão. Minha expectativa é atuar na área de vendas imobiliárias, profissão que em salvador está crescendo bastante.
João Marcelo: Sim, eu gostei da mudança porque abriu meus olhos para novas possibilidades, para o convívio com pessoas de realidades bastante diferentes e me trouxe amadurecimento, pelo fato de eu morar sozinho atualmente. Tenho a expectativa de permanecer na cidade estudando e, eventualmente, lecionando na instituição da qual sou egresso, bem como me inserindo no mercado de trabalho soteropolitano.
5. Quais foram as dificuldades encontradas na cidade?
Manoel: Eu na verdade não tive grandes dificuldades, porque vinha muito a Salvador quando ainda morava na minha cidade. A coisa que mais me incomodou foi ter que enfrentar o trânsito. Não era como hoje, mas comparado com Guanambi, era muito mais estressante, afinal lá não há muito movimento de carros. Mas para isso, procurei morar perto na universidade e próximo ao centro.
Romualdo: Tive um pouco de dificuldade de lidar com muito movimento, como ruas com muito movimento de pessoas e carros. Não digo que foi bem dificuldade, e sim estranhamento. Mas, consegui superar isso com muita tranquilidade.
João Marcelo: A mobilidade urbana e a constante sensação de insegurança.

6. Pretende voltar para cidade Natal? Por quê?

Manoel: Na verdade, quando me formei voltei para Guanambi para trabalhar, mas não consegui me readaptar a vida lá e voltei para Capital. Hoje moro aqui, trabalho na minha área e estou satisfeito. Não penso em voltar para lá, a não ser para visitar os familiares.
Romualdo: No momento não. Mas não sabemos do futuro. Gosto de Salvador e quero sempre ter meus filhos por perto, todos moram aqui e sem falar da minha profissão, aqui tenho mais oportunidades. 
João Marcelo: No momento não, pois tenho expectativas profissionais de permanecer na cidade e aqui tenho condições de me especializar de maneira mais completa.


Dentre os motivos que geram o êxodo para metrópoles, destacam-se: a busca de empregos com boa remuneração, mecanização da produção rural, fuga de desastres naturais (secas, enchentes, etc), qualidade de ensino e necessidade de infraestrutura e serviços diversos (hospitais, transportes, educação, etc).  Mas, diante dessa entrevista, percebe-se que a maioria dessas pessoas fazem essas mudanças por melhor oportunidade de trabalho e educação acadêmica. 

AUTORA: Adriana Pitanga

sábado, 18 de maio de 2013


São Paulo: Capital Nacional do Migrante


São Paulo é uma das capitais brasileiras que mais atraem migrantes. Nos últimos anos, o desenvolvimento da metrópole tem atraído profissionais de outras regiões brasileiras, mas, sobretudo, muitos estrangeiros.
Os Missionários Scalabrinianos marcam sua presença no meio da migração em São Paulo através do trabalho exercido com uma casa de acolhida com capacidade para abrigar 110 pessoas.
A Casa do Migrante como é chamada está sempre lotada. É uma referência, um apoio para quem vem de longe em busca de trabalho ou de uma vida mais digna. O Fluxo de migrantes na Casa é, em sua maioria, de africanos, haitianos.
Segundo o Pe. Paulo Caovila, São Paulo é uma cidade que, ao mesmo tempo em que assusta com a violência, ela atrai muito com o trabalho e desenvolvimento e que oferece inúmeras oportunidades para quem sonha em alcançar o êxito, o sonho, o poder.
O panorama da migração mudou: antigamente era a família que migrava, hoje é o indivíduo quem migra e migra por pouco tempo. As leis também mudaram, nos dias de hoje existem muito mais barreiras impedindo a migração o que contrasta com o passado onde a migração era incentivada.
De acordo com o relativamente recente Censo Demográfico de 2000, em torno de 24% dos habitantes do estado de São Paulo nasceram nos demais estados da federação; tal percentual é ainda maior (em torno de 31%) se o universo de referência dos habitantes deste estado é apenas o de nativos (paulistas). Mais, tais participações são maiores que aquelas reveladas no censo anterior, de 1991. Em verdade, tais percentuais refletem os ainda significativos fluxos migratórios interestaduais no Brasil.
A maioria dos trabalhos recentes sobre migração interna no Brasil tem enfatizado a possível contribuição destes fluxos de mão-de-obra sobre a dinâmica de convergência/divergência entre os estados brasileiros. O foco de tais estudos pode provavelmente ser explicado pela significância dos fluxos de migração, pela maior disponibilidade atual de microdados e pelo ressurgimento na década passada do debate sobre a convergência entre as rendas estaduais.
A despeito da importância de tal perspectiva, dimensões importantes do fenômeno migratório permanecem exploradas de forma ainda incipiente. Por exemplo, apenas recentemente Santos Júnior (2002) mostrou, a partir de dados da PNAD, que os migrantes interestaduais parecem de fato ser positivamente selecionados em relação aos nãomigrantes. Este trabalho representa um esforço de pesquisa numa dimensão também ainda pouco explorada do fenômeno migratório: o progresso econômico do migrante, uma vez no mercado de trabalho de destino.
Nesta tarefa, todo o foco de investigação é direcionado ao mercado de trabalho do estado de São Paulo, estado mais rico do país e que, historicamente, tem recebido maior contingente de migrantes. A partir de um modelo simples de migração e capital humano e utilizando microdados dos Censos Demográficos de 1991 e 2000, o trabalho apresenta evidências, de início, a respeito da magnitude dos diferenciais iniciais de renda dentro do universo de migrantes e em relação àquele dos paulistas (nativos) para diferentes gerações de migrantes e, numa segunda etapa, a respeito da dinâmica de evolução destes diferenciais entre os anos do censo, enfatizando possíveis tendências de diminuição/aumento de tais diferenciais (convergência).
Para o primeiro conjunto de evidências, é também investigada a importância das características dos estados de origem para os diferenciais observados, que condicionam o perfil do migrante. Com respeito ao segundo conjunto de resultados, relacionados ao comportamento do migrante em relação à acumulação de qualificações adicionais, o artigo também fornece evidências adicionais através de um modelo específico de convergência.
De forma geral, as evidências obtidas sugerem que, de fato, os diferenciais iniciais de renda estão associados ao capital humano do migrante, sobre o qual as características dos estados de origem têm significativas influências. Tais evidências também sugerem que a taxa de investimento adicional na aquisição de mais capital humano por parte do migrante independe do nível inicial deste, o que implica na não diminuição das disparidades de renda dentro do universo de migrantes.

AUTOR: Filipe Rios

GEOGRAFIA DO ÊXODO NO BRASIL

GEOGRAFIA DO ÊXODO NO BRASIL

Imigrantes e emigrantes no Brasil em 2009.
FONTE: IBGE, Pesquisa Nacional por Amosta de Domicílios, 2009.

O Censo 2000 (IBGE) confirmou tendências nos fluxos migratórios e mostrou novos espaços de redistribuição populacional. Mostrou que os deslocamentos entre as regiões brasileiras envolvem cerca de 3,3 milhões de pessoas, dentre as quais, entre entradas e saídas, destacou-se a Região Nordeste que apresentou a maior perda absoluta (730 mil pessoas), tendo as trocas com o Sudeste contribuído com cerca de 2/3 dessa perda.
Nos últimos anos da década passada, o Nordeste continuou sendo uma região de expulsão populacional, visto que as trocas com as outras regiões brasileiras foram negativas, sendo que a Região Sul foi a que apresentou o menor saldo nas trocas com o Nordeste brasileiro. Percebemos também analisando a imagem acima que a região que mais recebeu migrantes foi a sudeste com quase 660 mil pessoas. Este fato é explicado devido ao fluxo migratório do nordeste brasileiro principalmente para São Paulo, em busca de emprego e melhores condições de vida.
A imagem abaixo ilustra como acontece o fluxo migratório no Brasil entre as mais diversas regiões. É importante salientar que ocorrem também fluxos migratórios dentro da mesma região como ocorre no Sul e Centro-Oeste. Mais uma vez a região Nordeste é a que mais apresenta fluxo migratório em relação às outras regiões.

A Região Sudeste, historicamente, recebeu o maior número de migrantes, tem apresentado declínio na migração, consequência da estagnação econômica e do aumento do desemprego na região. Nesse sentido, ocorreu uma mudança no cenário nacional dos fluxos migratórios, onde a região centro-oeste passou a ser o principal destino.

Autor: Josenilton Matos Dias

segunda-feira, 13 de maio de 2013

A Triste Partida - Luiz Gonzaga


Setembro passou, com oitubro e novembro
Já tamo em dezembro.
Meu Deus, que é de nós?
Assim fala o pobre do seco Nordeste,
Com medo da peste,
Da fome feroz.

A treze do mês ele fez a experiença,
Perdeu sua crença
Nas pedra de sá.
Mas nôta experiença com gosto se agarra,
Pensando na barra
Do alegre Natá.

Rompeu-se o Natá, porém barra não veio,
O só, bem vermeio,
Nasceu munto além.
Na copa da mata, buzina a cigarra,
Ninguém vê a barra,
Pois barra não tem.

Sem chuva na terra descamba janêro,
Depois, feverêro,
E o mêrmo verão
Entonce o rocêro, pensando consigo,
Diz: isso é castigo!
Não chove mais não!

Apela pra maço, que é o mês preferido
Do Santo querido,
Senhô São José.
Mas nada de chuva! tá tudo sem jeito,
Lhe foge do peito
O resto da fé.

Agora pensando segui ôtra tria,
Chamando a famia
Começa a dizê:
Eu vendo meu burro, meu jegue e o cavalo,
Nós vamo a São Palo
Vivê ou morrê.

Nós vamo a São Palo, que a coisa tá feia;
Por terras aleia
Nós vamo vagá.
Se o nosso destino não fô tão mesquinho,
Pro mêrmo cantinho
Nós torna a vortá.

E vende o seu burro, o jumento e o cavalo,
Inté mêrmo o galo
Vendêro também,
Pois logo aparece feliz fazendêro,
Por pôco dinhêro
Lhe compra o que tem.

Em riba do carro se junta a famia;
Chegou o triste dia,
Já vai viajá.
A seca terrive, que tudo devora,
Lhe bota pra fora
Da terra natá.

O carro já corre no topo da serra.
Oiando pra terra,
Seu berço, seu lá,
Aquele nortista, partido de pena,
De longe inda acena:
Adeus, Ceará!

No dia seguinte, já tudo enfadado,
E o carro embalado,
Veloz a corrê,
Tão triste, o coitado, falando saudoso,
Um fio choroso
Escrama, a dizê:

- De pena e sodade, papai, sei que morro!
Meu pobre cachorro,
Quem dá de comê?
Já ôto pergunta: - Mãezinha, e meu gato?
Com fome, sem trato,
Mimi vai morrê!

E a linda pequena, tremendo de medo:
- Mamãe, meus brinquedo!
Meu pé de fulô!
Meu pé de rosêra, coitado, ele seca!
E a minha boneca
Também lá ficou.

E assim vão dexando, com choro e gemido,
Do berço querido
O céu lindo e azu.
Os pai, pesaroso, nos fio pensando,
E o carro rodando
Na estrada do Su.

Chegaro em São Paulo - sem cobre, quebrado.
O pobre, acanhado,
Percura um patrão.
Só vê cara estranha, da mais feia gente,
Tudo é diferente
Do caro torrão.

Trabaia dois ano, três ano e mais ano,
E sempre no prano
De um dia inda vim.
Mas nunca ele pode, só veve devendo,
E assim vai sofrendo
Tormento sem fim.

Se arguma notícia das banda do Norte
Tem ele por sorte
O gosto de uvi,
Lhe bate no peito sodade de móio,
E as água dos óio
Começa a caí.

Do mundo afastado, sofrendo desprezo,
Ali veve preso,
Devendo ao patrão.
O tempo rolando, vai dia vem dia,
E aquela famia
Não vorta mais não!

Distante da terra tão seca mas boa,
Exposto à garoa,
À lama e ao paú,
Faz pena o nortista, tão forte, tão bravo,
Vivê como escravo
Nas terra do su. 

domingo, 12 de maio de 2013


Palco de Debate:

Êxodo e Democracia

Retirantes. Cândido Portinari

A população brasileira, principalmente a nordestina, historicamente sempre foi castigada por diversas intempéries que impediam o desenvolvimento econômico e social, sendo necessária a migração de seus locais de origem em busca de novas oportunidades e condições melhores de vida.
Este verdadeiro êxodo populacional, objeto de diversos estudos e pesquisas, acontece devido à ausência de políticas públicas de enfrentamento da pobreza e diminuição das consequências da seca. A falta de perspectiva de crescimento nos rincões do país faz acontecer um fluxo migratório para os grandes centros urbanos com objetivo de fugir da miséria e desamparo estatal.
No entanto, ao chegar às metrópoles, essa população depara-se com uma realidade totalmente anacrônica aos seus hábitos e costumes, em que impera a violência e desigualdade social, tendo que viver em bairros periféricos e submeter-se a empregos com alta carga horária em detrimento de remuneração adequada.
Esta situação gera a inversão do êxodo populacional no Brasil, que vem desde as últimas décadas do século passado apresentando sensíveis mudanças focadas no retorno desta população para seus locais de origem.
O presente blog se apresenta como palco de discussão desta temática, debatendo em diversos eixos os mais variados motivos que levam ao êxodo migratório no Brasil.

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