sábado, 18 de maio de 2013


São Paulo: Capital Nacional do Migrante


São Paulo é uma das capitais brasileiras que mais atraem migrantes. Nos últimos anos, o desenvolvimento da metrópole tem atraído profissionais de outras regiões brasileiras, mas, sobretudo, muitos estrangeiros.
Os Missionários Scalabrinianos marcam sua presença no meio da migração em São Paulo através do trabalho exercido com uma casa de acolhida com capacidade para abrigar 110 pessoas.
A Casa do Migrante como é chamada está sempre lotada. É uma referência, um apoio para quem vem de longe em busca de trabalho ou de uma vida mais digna. O Fluxo de migrantes na Casa é, em sua maioria, de africanos, haitianos.
Segundo o Pe. Paulo Caovila, São Paulo é uma cidade que, ao mesmo tempo em que assusta com a violência, ela atrai muito com o trabalho e desenvolvimento e que oferece inúmeras oportunidades para quem sonha em alcançar o êxito, o sonho, o poder.
O panorama da migração mudou: antigamente era a família que migrava, hoje é o indivíduo quem migra e migra por pouco tempo. As leis também mudaram, nos dias de hoje existem muito mais barreiras impedindo a migração o que contrasta com o passado onde a migração era incentivada.
De acordo com o relativamente recente Censo Demográfico de 2000, em torno de 24% dos habitantes do estado de São Paulo nasceram nos demais estados da federação; tal percentual é ainda maior (em torno de 31%) se o universo de referência dos habitantes deste estado é apenas o de nativos (paulistas). Mais, tais participações são maiores que aquelas reveladas no censo anterior, de 1991. Em verdade, tais percentuais refletem os ainda significativos fluxos migratórios interestaduais no Brasil.
A maioria dos trabalhos recentes sobre migração interna no Brasil tem enfatizado a possível contribuição destes fluxos de mão-de-obra sobre a dinâmica de convergência/divergência entre os estados brasileiros. O foco de tais estudos pode provavelmente ser explicado pela significância dos fluxos de migração, pela maior disponibilidade atual de microdados e pelo ressurgimento na década passada do debate sobre a convergência entre as rendas estaduais.
A despeito da importância de tal perspectiva, dimensões importantes do fenômeno migratório permanecem exploradas de forma ainda incipiente. Por exemplo, apenas recentemente Santos Júnior (2002) mostrou, a partir de dados da PNAD, que os migrantes interestaduais parecem de fato ser positivamente selecionados em relação aos nãomigrantes. Este trabalho representa um esforço de pesquisa numa dimensão também ainda pouco explorada do fenômeno migratório: o progresso econômico do migrante, uma vez no mercado de trabalho de destino.
Nesta tarefa, todo o foco de investigação é direcionado ao mercado de trabalho do estado de São Paulo, estado mais rico do país e que, historicamente, tem recebido maior contingente de migrantes. A partir de um modelo simples de migração e capital humano e utilizando microdados dos Censos Demográficos de 1991 e 2000, o trabalho apresenta evidências, de início, a respeito da magnitude dos diferenciais iniciais de renda dentro do universo de migrantes e em relação àquele dos paulistas (nativos) para diferentes gerações de migrantes e, numa segunda etapa, a respeito da dinâmica de evolução destes diferenciais entre os anos do censo, enfatizando possíveis tendências de diminuição/aumento de tais diferenciais (convergência).
Para o primeiro conjunto de evidências, é também investigada a importância das características dos estados de origem para os diferenciais observados, que condicionam o perfil do migrante. Com respeito ao segundo conjunto de resultados, relacionados ao comportamento do migrante em relação à acumulação de qualificações adicionais, o artigo também fornece evidências adicionais através de um modelo específico de convergência.
De forma geral, as evidências obtidas sugerem que, de fato, os diferenciais iniciais de renda estão associados ao capital humano do migrante, sobre o qual as características dos estados de origem têm significativas influências. Tais evidências também sugerem que a taxa de investimento adicional na aquisição de mais capital humano por parte do migrante independe do nível inicial deste, o que implica na não diminuição das disparidades de renda dentro do universo de migrantes.

AUTOR: Filipe Rios

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